DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DA MATEMA, TETE
Modelada à imagem de de superação, humildade e serviço de Santa Josefina Bakhita
1. Nascida em 1869 em Olgosa, Sultanato do Darfur, Sudão
2. Falecida a 8 de Fevereiro de 1947 em Schio, Veneto, Itália
3. Venerada pelas Igrejas Católica e Anglicana
4. Beatificada a 17 /05/11992 e Canonizada em 1/10/2000 pelo Papa João Paulo II
5. Dia da festa de comemoração: 08 de fevereiro
Por várias razões de ordem de trabalho, incluindo a mais recente infeliz morte do Vigário da Diocese, a Paróquia escolheu o dia 05 de Maio para (1) celebrar a festa da Mulher Moçambicana, (2) honrar o papel da mulher na Paróquia, e (3) comemorar o Dia Mundial do Trabalhador.
Eu escolhi escrever sobre esta celebração, na qual não participei por razões de família. Ofereço este pensamento para reconhecer o papel da mulher
Na minha vida;
Na vida dura da minha aldeia, à imagem de tantos milhares de aldeias pelo país além, todos os dias: educando e tomando conta da criança, cozinhando para a família e fazendo trabalhos campestres, acarretando água para a família, daquele riacho a um quilómetro da aldeia;
Na vida da cidade de Tete, ensinando, curando, vendendo comida fresca e fruta que todos levamos a casa para consumir;
Na organização da comunidade cristã, participando nas atividades da Paróquia e das Paróquias;
Oxa lá lhe seja dado um espaço um dia para dirigir este País. A gestão de uma mulher é sempre melhor do que a de um homem, e eu posso dar a mão a queimar por isso.
Para comemorar o papel pilar da mulher, escolhi a imagem e vida de Santa Bakhita. Eu escolhi esta figura precisamente porque cada vez que vou à missa, vejo sempre a imagem dela estampada na parede, embora com muito pouca explicação. A Paróquia tem a sua intenção, e eu quero apenas interpretar e sublinhar a mensagem, esperando que um dia se possa fazer um retrato melhor dela.
Muito brevemente, quem foi Santa Bakhita?
Bakhita foi uma menina que nasceu em Darfur (a Oeste do Sudão, território em conflitos raciais permanentes entre árabes criadores de gado nomádicos e negro-africanos maioritariamente agricultores sedentários). Ela nasceu em 1878, e aos 9 anos foi capturada e feita escrava por mercadores de escravos árabes, levada a percorrer a pé mais de novecentos quilómetros, revendida três vezes, e final mente vendida uma quarta vez a um rico árabe na cidade de El Obeid, o qual tornou a revendê-la a um general Turco. Anos mais tarde, ela foi revendida em Khartoum a um Vice-cônsul da Itália, que por sua vez a levou a Itália.
Mais tarde, o Vice-cônsul precisou de regressar ao Sudão, para gerir os seus interesses económicos. Assim, decidiu confiar Bhakita a um Convento de Irmãs Canossianas de Veneza. Quando depois de um tempo este regressou a Itália e se encaminhou ao convento para recuperar a sua escrava, ela recusou-se, preferindo ficar com as Irmãs da Caridade. O Vice-cônsul fez apelo ao Juiz da Corte real e ao Procurador-Geral, os quais decidiram que uma vez Bhakita fora adquirida no Sudão, então território Britânico, onde a escravatura fora proibida, Bhakita não podia continuar escrava. E como pessoa livre, ela decidiu permanecer com as Irmãs. Naturalmente, ela veio a conhece Jesus através do catecismo e em 1890, Bakhita recebe o Batismo com o nome de Giuseppina Margherita Fortunata. Na mesma ocasião, também recebeu os sacramentos do Crisma e Primeira Comunhão pela mão do Arcebispo Giuseppe Sarto, Cardeal Patriarca de Veneza, que mais tarde veio a ser o Papa Pio X. Fortunata é precisamente a tradução Italiana do nome árabe Bhakita.
Bhakita fez votos e passou a ser Irmã de Caridade durante 45 anos, desempenhando as funções de cozinheira, sacristã e porteira do convento de Schio. Ao longo do seu serviço, ela se distinguiu pela alegria e pela paz que comunicava, incluindo tendo vivido na comunidade através das duas grandes guerras mundiais da Europa. Ela viveu o seus últimsos anos na dor e na doença, tendo morrido de pneumonia a 8 de fevereiro de 1947.
A notícia de sua beatificação havia sido proibida pelo governo Sudanês, por ser um país de esmagadora maioria muçulmana. Assim, o Papa que a beatificou viajou até ao Sudão em Fevereiro de 1993, e foi assim que ela passou a ser reconhecida como Padroeira do Sudão e dos sobreviventes do tráfego humano.
Pela experiencia da vida, Santa Bakhita é padroeira dos escravos e intercessora dos sequestrados. Por alguma razão a Paróquia decidiu expor a sua imagem na Igreja. Uma imagem Africana na Igreja, cujo olhar meigo e silencioso consegue falar para nós. Dedico Santa Bakhita à Mulher Moçambicana Católica (sobretudo da nossa Paróquia).
Fontes
Jose
Tete, 06 de Maio de 2024
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