Observações de um reformado (com tempo de sobra para observar)
Com tanta polícia na cidade de Tete, incluindo uma polícia municipal, e com tanta juventude a pulular pelas ruas da cidade após os seus estudos do dia, os eleitos do Distrito, o Presidente do Conselho Executivo e outras estruturas administrativas municipais podiam coligar-se e mobilizar os recursos humanos necessários para uma educação cívica robusta necessária e fazer de Tete, não só uma cidade exemplar, mas também uma cidade agradável e acolhedora dos seus habitantes e passantes. Estamos longe disso nos seguintes aspetos.
1. Circulação pedestre:
O peão em circulação carece de qualquer proteção, proteção essa que podia ser sinalização, estacionamento da polícia municipal para regulamentar melhor a passagem de crianças e estudantes (com ajuda dos próprios estudantes organizados por escola).
Os pedestres também carecem de educação, quando se lhes dá a prioridade, alguns continuam a andar como se não houvesse pressa ou se não houvesse viatura à espera que passem.
2. Circulação de motorizadas:
Este é um assunto muito mais complicado. Existem motorizadas sem matrícula ou retrovisor. Os motociclistas parecem não compreender que uma viatura é mais pesada e é um conjunto de ferros enferrujados que podem matar. A culpa será de quem, nem terás tempo de perguntar, se estiveres morto! O menos que pode acontecer é quebrar uma perna e ficar defeituoso. A motocicleta representa um meio de deslocação barato e ao alcance de muitos cidadãos e, portanto, merece proteção. De vez em quando, merece proteção contra o próprio motociclista que vem à estrada só para exibir.
3. Circulação de viaturas:
Está claro que muitos motoristas nas vias principais não se dão à gentileza de dar passagem a viaturas que pedem acesso à via principal. Este gesto ajudaria muito a diminuir tensões e frustrações individuais e a aumentar o prazer de circular na cidade.
Temos também motoristas que pedem entrada na via principal, mas estão ao telefone. Fazem viragem e estão ao telefone, enfim, estão conduzindo e falando ao telemóvel ao mesmo tempo.
4. Acidentes na estrada:
Cheguei um dia num sitio onde um motociclista se tinha acidentado, na estrada que vai de Tete a Moatize (dando a grande volta pela nova ponte, até que a nossa ponte difícil de concluir de Chingodzi venha finalmente a abrir). Observei que ninguém se aproximou para cobrir o corpo da vítima, o mínimo de respeito que se deve a um acidentado que ainda estava a respirar, não me aproximei porque a polícia estava por perto, mas também notei que essa polícia estava assistindo de longe sem se aproximar, até que a pessoa acabou morrendo.
Concluí logo que existia um medo de se aproximar, o que posso entender. Não aceito por parte dos passantes, mas entendo. O que certamente não aceitei nem entendi foi a atitude da polícia, porque sempre tive a impressão de que tinha um outro tipo de treinamento e ética. Uma pessoa em perigo de morte merece o nosso amparo e a nossa proteção. Na ausência de proteção, a polícia devia demonstrar mais profissionalismo nestas situações. A falta de ação da polícia afugenta a população. A não assistência a pessoas em perigo de morte é uma falha de dever de solidariedade que a vítima tem direito de esperar. Que a polícia nos ajude a mobilizar esta solidariedade humana e de cidadania, esclarecendo o direito e dever do público em situações de acidentes.
Com tantas estruturas administrativas, temos ou não o direito de esperar melhor ação de educação cívica da parte de quem de dever e direito?
Jose,
Tete, Novembro de 2023
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