Exortação para Moçambique (a quem de direito e capacidade)
Esta exortação surge do facto de eu ter trabalhado durante 3 anos como Representante do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados na República Federal da Nigeria, de 2017 a 2020. Durante esse tempo, a minha percepção social foi marcada por diversos factos, dos quais os mais importantes:
1. O povo Nigeriano, que eu conheci como orgulhosos e difíceis, mesmo antes de chegar à Nigeria. São orgulhosos sim, no sentido positivo. Fazem muito barulho, mas essa é uma característica da sua vivacidade e não tem nada a ver com serem pessoas difíceis. Na realidade, são vivazes, gostam de camaradagem, de comer bem e se divertir, são muito religiosos (Muçulmanos ou cristãos), tem uma cultura forte de solidariedade comunitária, são humildes (pode acreditar-me), gostam de aparências mas não se deixam levar por elas. Não se deixam facilmente oprimir, nem por estrangeiros nem internamente. Posso dizer com conhecimento de causa, que se neste mundo chegares a um país onde não existe um Nigeriano, não vale a pena ficar nesse país.
2. A literatura Nigeriana: visitei, trabalhei e conheço 16 países, incluindo evidentemente o meu, mas a literatura Nigeriana é uma das melhores e mais vibrantes que já encontrei em África. Nomes conhecidos incluem: Wole Soyinka, Bem Okri, Buchi Emecheta, Chinua Achebe, Chimamanda Ngozi Adichie. Literatos que eu recomendo fortemente. Estão todos a publicar em Inglês, e nós Moçambicanos, rodeados que estamos de 6 países de expressão Inglesa (e 3 de expressão Francesa), faríamos bem dedicarmo-nos a aprender estas línguas por questões de comunicação eficiente, desenvolvimento e tecnologia.
3. As artes: em particular a indústria do filme Nolyhood, muito mais perto da nossa realidade cultural que outras indústrias extracontinentais do ramo. Não me faltava diversão nos fins de semana.
E que mais lhes diga? Enfim, fui para lá para tratar de ser advogado dos refugiados sem voz. E fui tratado com muito respeito por pessoas muito mais altamente colocadas. Falei pelos refugiados, fui ouvido e foram tomadas ações eficazes.
Enquanto fazia o meu trabalho oficial, fui observando e absorvendo muita coisa que acontece na Nigeria e que representa uma riqueza sociocultural imensa. Hoje venho com apenas um tema. Como pode ver na exposição Powerpoint anexa, a Nigeria decidiu associar UM SLOGAN A CADA UM DOS SEUS ESTADOS CONSTITUTIVOS (o que nós chamamos Províncias, claro com atribuições constitucionais muito diferentes).
A minha proposta é que copiar esta iniciativa não seria interpretado como cabular, no sentido pejorativo do termo. Bons exemplos me parecem ser passíveis de cópia. Proponho pois que quem ler este artigo, o partilhe com quem tem a capacidade mobilizadora das mentes intelectuais que possam estudar (a história, a economia, o turismo e outros factos salientes e característicos de cada Provincia) e propor um leque de slogans para cada uma das nossas províncias. Em seguida, fazer chegar as propostas a cada província para avaliação e validação, e depois fazer adoptar por quem de direito (Ministério da Cultura, ou do Turismo, ou outra instituição mandatada). Seria uma Universidade o melhor ponto de partida? Como se desencadearia o processo? Com que recursos? Imagina o leitor que eu não tenho as qualificações requeridas para fazer propostas mais adiantadas; não tenho conhecimento dos processos nem acesso as estas instâncias relevantes.
Aí vai. Se vale a pena... somebody run with it!
23 de Marco de 2023
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